segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

verão

era como se as folhas das árvores todas do mundo cobrissem o chão. caminhávamos sobre esse infinito manto de retalhos, de cores fortes como as de um por-do-sol ou de um coração em delírio. os pássaros expostos nos ramos das árvores despidas fingiam-se invisíveis. os nossos passos levantavam um leve rumor e iniciavam redemoinhos de vento e folhas. trazíamos dentro de nós o amadurecimento dos frutos, como se estivéssemos prenhes. o horizonte ardia, numa imprecisão de miragem. e quando acordei cheirava a sumo de caju e havia flores pela casa. no teu corpo um vestido leve. e as folhas escondendo os pássaros nos ramos altos.

1 comentário:

mari celma disse...

Verão tão outono. Outoninho, outro ninho...ou melhor, como Quintana mesmo versou: caem as folhas contra esse vento incerto e vário.
Verão é fugaz feito um anoitecer atrasado.