quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

pergunta

Perfilados, todos os corpos têm pressa e algum receio. Verificados os pés e os ossos, conjunto maltratado e carente. Imagino o que lhes dará o primeiro conforto, o certeiro alívio. Alguns hão de querer o cigarro. Os telefones móveis inquietos, iniciarão a babélica conversa. Aquele tipo de bigodes e expressão distraída deseja imensamente ler um jornal do dia. Moças precisam de batom e perfume. Há aquelas que pensam nos filhos. O funcionário examina documentos e me esqueço. Demoro para responder sobre o objetivo de minha viagem. O que me vem primeiro estanca. Digo que estou a passeio e meu passaporte é carimbado. Vim para interromper a dor que é estar sem ti. Meu primeiro cigarro, meus filhos, meu café e jornal, amigos, banho quente, pés confortáveis, cama, sono, descanso, a conversa com minha mãe, meu batom e meu perfume, escovar os dentes. O que seja alívio para meus companheiros é também tudo que és para mim. Meu conforto, meu abrigo e meu êxtase.

1 comentário:

mari celma disse...

Esse texto me fisgou a partir da imagem da moça que necessita de perfume e batom...por quê moças são criaturas afeitas a cheiros...pelo menos todas as moças das canções e poemas. Por quê as moças saem à rua usando perfume e batom e conseguem, quase sempre, o mundo. Como diria Geraldo Azevedo: ou é só cheiro feminino ou é só cheiro de mulher.