quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

alforria

O café exalava, um pouco depois de alguns aromas espalhados pela cozinha. Mulheres falando em voz baixa, sons de arranjo da louça e dos talheres na mesa. O início da algazarra na escola bem próxima de minha casa fazia da cama o meu paraíso. Neste dia, uma doença pequenina me deixou em paz, entre os cobertores, com direito a sonho e sono prolongados. Minha mãe, dulcíssima, fez questão de trazer numa bandeja florida, guloseimas, leite, pães, geléia de amora e outras receitas de carinho, herdadas de minha vó. Abriu as janelas do meu quarto, para que surgissem o ar e o dia, livres. Atendendo a meu pedido, trouxe a festa: folhas brancas e meus lápis coloridos. Desde pequena, já desenhava o dia da tua chegada. Eu, vestida de noiva antiga, desperta do sono. Teu beijo me traria de volta, para eu ser sempre, e ainda depois, a menina feliz de minha infância.

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