quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

mercado

Eu aceito porque este é meu mundo. Mas confesso que não gosto deste glossário. Acrílico, sintético, plástico, supersônicos, alta velocidade, semáforos, neon, bits, chips, enlatados, conservantes, metrô, air bag, lanterna, holofote, digital, cartão de crédito, coca-cola, leite em pó, zinco, diamante falso, fast food, robôs, flores de plástico, produtos chineses, alucinógeno impuro, adoçantes, emulsionantes, edulcorantes, descafeinados, sardinha em lata, uvas secas. Eu gosto mesmo é de trigo, varanda, fruta fresca, árvores, rios, barcos, velas, entardecer, vaca, cadernetas, diários, máquina de escrever que faça barulhinhos, almoço em família e jantares também. Gosto mais de ser tua e de deixar as faixas e palavras de ordem na entrada da casa. Gosto do pão que fazes. Sei preparar teu banho. A casa na árvore ficou um luxo. Temos muitos cachorros e dormimos cedo. Visto as roupas deste tempo, e guardo meu vestido florido amarelo, que uso para nossos dias de amor e glória.

3 comentários:

mari celma disse...

Mercado desbancou a então inovadora "Aguas de Março"! Mercado mosaico feito de cheiros e sabores!

Eliana Mara Chiossi disse...

Maricelma, leitora assídua,

veio esta idéia de um incômodo ao experimentar uma roupa numa loja. Até a etiqueta incomodava. E no shopping, ao olharmos para a sucessão de vitrines, é tudo tão descartável e tão agressivo para nossos sentidos. O amor aqui encenado é amor de raiz, de algo que, eu, ao escrever, fico desejando tocá-lo, desejando a pureza do amor antigo. E talvez amar seja sempre ser antiga.

mari celma disse...

Eliana, minha dileta escritora,

Não deixe nunca de ser antiga! Afinal, sabemos que a substância que te preenche não estará nunca por ai, nessas vitrines! Seu Carteiro vai cada instante mais divino!