segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

latifúndio

Deu-me, então, a escritura. Eu seria a proprietária, de tudo que minha vista alcançasse. Os frutos, as águas límpidas, a fartura dos peixes e ventos brandos. O mar e suas surpresas, nas noites em que o vento espalhasse desafios. Tendo o céu e suas metamorfoses, ao redor. Amostras de cada espécie, para compor as florações. Animais bondosos. Músicos, bailarinas, pintores, poetas, ourives, mágicos, atores. E também poetas. A ilha e seus habitantes ao meu dispor. E todos os tesouros, cálices e perfumes. Este homem, meu esposo, ofertou-me o reino e os súditos. Eu seria um planeta para tudo girar em torno. E a entrega de eterna vassalagem. Desfiz o matrimônio. Despi as vestes de riqueza. O oráculo exibiu meu futuro, peregrina, a procurar-te nos desertos. Deixo o posto de rainha. Sou cigana, para honrar-te. Sou a franciscana. Aquela que entrega todas as posses e parte. Sou tua noiva e meu único desejo é ter comigo o império que mora nos teus olhos.

2 comentários:

K. disse...

Esta é uma declaração de amor muito bonita. Obrigado pela visita. Até breve.

Eliana Mara Chiossi disse...

K,

neste blog uma realização preciosa.
Mais do que em qualquer outro lugar, aqui me sinto próxima do amor em forma de poesia.
Volte mesmo.