quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

pureza


Havia. E cada um deles me prometia mundos. Traziam prendas de seus reinos. Eu era um Jesus recém-nascido, e eles vinham de longe, atravessavam ventos e desertos. A mim, tudo entregavam. Metais preciosos, finas iguarias, animais inimagináveis. Na casa espaçosa, eu, a todos recebia e acomodava. Cumpriam desafios, respondiam às minhas curiosidades sobre os lugares de onde vinham. Havia uma camaradagem entre eles. O vencedor seria honrado por todos. Passado algum tempo, os hóspedes se ajustavam ao lugar, faziam passeios a pé pela propriedade. Um ou outro se enamorou e retirou-se da batalha. Meu coração os aceitava. Todos juntos compunham uma irmandade. Era impossível negociar com meu coração. E todas as noites, antes de dormir, eu tecia a colcha que iria abrigar nossos corpos. A eles, eu poderia dar quase tudo. Meus beijos, só a ti destinados, acumulados de saudade. Já era quase igual ao infinito a soma de todos eles. Todos os beijos que eu te enviava, enquanto a colcha se espalhava pelo chão afora.

1 comentário:

mari celma disse...

Pureza de mulher atenense...pureza de mulher cujo amor desbrava mares estrangeiros e esses mares também são seus interiores...e esse tecer sem fim o sem fim dos seus desejos, anseios e nunca grandes desabores.