domingo, 23 de dezembro de 2007

quarentena

Era quadrada. Apenas uma pequena brecha, para que a luz do sol me lembrasse da existência de Deus e seus milagres. Era uma espera. E o tempo marcado pela alternância de claridade e escuridão. Paredes. Carvão. Tempos primeiros na história. Meus cabelos cresciam. Nenhum desejo para os dias seguintes. A promessa. Trabalho perpétuo a me lançar no espaço, de onde o vislumbre do encontro me acenava. Inscrevia. E sonhava. Até que não houve mais espaço em branco. Até que não havia mais distância. Teu nome, teu nome, teu nome, teu nome, teu nome, e sol e todas as luas. O mantra, repetido a cada respiração. Até eu estar esvaziada, sem desejo e sem destino. Teu nome, teu nome, teu nome, teu nome, na caverna enquanto lá fora, já havia sinais de vida e primaveras. Teu nome, teu nome, teu nome, teu nome, a loucura e o esquecimento. Até o dia em que meus olhos se abriram e viram. A porta sempre aberta.

3 comentários:

mari celma disse...

É verdade, todo desejo saciado é a certeza de não se ter destino...

Eliana Mara Chiossi disse...

Caríssima leitora assídua e sensível,
algo acontece aqui nesta casa em alto-mar, que é uma vivência profunda, envolvente. Não tenho planos e a escrita aparece. Me toma, e eu mesma me surpreendo com os desenhos desta casa.

mari celma disse...

Mas escrita de verdade, sem ostenções é assim: envolvente, quase uma encorporação! PArabéns a vc e ao Nuno! Vida longa ao Carteiro!