segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

aritmética

conheço ainda os rostos de todas as mulheres que conheci. é verdade que aromas e nomes se desvanecem. e mesmo o acelerar do coração se descompassou em relação ao ritmo da memória afectiva. se te subtrair ao conjunto de todas as mulheres fico sem nenhuma. és todas as mulheres. em ti exerço o que outros corpos me sugeriram. e esqueço na tua carne a presunção acumulada. recomeço o homem que sou. e quero apontar os homens todos que conheces. como um rio louco, que se arvorasse em mar. as águas fundas do desejo espumificam-se, minerais. se na rua um sorriso casual me fere, quero o teu ali mesmo. como quando reivindico o teu corpo, a meio de algo. se outro corpo interfere, é o teu que me sintoniza. somos uma eva, um adão, entre milhões. em nós se afirma a deflagração do tempo. e nunca sei em que lado da pele me situo, dentro de ti.

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