sábado, 15 de dezembro de 2007

arena

O pêndulo ainda se movimenta. Mais vagaroso a cada instante que passa. O silêncio tem peso. Quase posso ouvir tua raiva. Andas pela casa. Procuras uma ocupação. Encontrei refúgio neste livro que leio há meses e mantenho a cabeça baixa. As letras formam um conjunto desconexo, sombras na página amarelada. Pode ser nosso último dia. Pode ser que um de nós bata a porta e deixe o outro para trás, com a alma sem conserto. Penso em Yerma. Como explicar-te que isso é amor, amor extremado. E viriam as ocupações, a me distrair de ti. Pequenos, ranzinzas, necessitados. Não quero parir e sentir dores. Não quero espalhar pelo mundo minha descendência. Nenhuma serpente vai me dissuadir. Tenho ouvidos moucos para isto tudo. Este corpo é abrigo do teu. Assim cumpro o que estava escrito. Não há mais vagas no paraíso.

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