terça-feira, 18 de dezembro de 2007

calor

deixa-me descalçar-te as sandálias e lavar-te os pés. farei correr na tua pele a água aquecida na lareira, perfumada com a alfazema da última colheita. deixa-me lavar-te do pó da estrada que te trouxe até aqui. nas minhas mãos os óleos para uma massagem revigorante. deixa repousar o teu olhar. aqui dentro o horizonte é coisa do íntimo. não há salteadores nem chuva, relento ou fome. deixa o teu corpo recuperar a vitalidade que lhe pertence. farei do meu peito um ninho para a diluição do teu cansaço. nos meus braços toma de empréstimo a força e a vigília, enquanto dormes sossegada. de manhã terás um banho e um beijo à tua espera. e poderás deixar o teu corpo tagarelar com o meu. há tanto que eles desejam pôr em dia.

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