sábado, 1 de dezembro de 2007

enunciado

Até então só havia o verbo, desabitado da fatalidade própria, de ser intransitivo. Este limite intacto, me protegia dos seus medos. Mas o amor em mim cresceu até ser este espetáculo. Produzido à minha revelia, sendo a protagonista e a engolidora de fogos. O corpo deste amor é meu corpo. Este ser estranho a mim, que palpita, descompassa, aquece e refrigera em despropósitos. Companheiro insólito, que desde o verbo, chora, ri, perde os sentidos e a todo instante, sonha. E sonha sem pedir qualquer licença. Sonha por mim, sonha em mim, sonha a mim em desespero, em êxtase. Este corpo agora mesmo me alucina e me deixa cega, desafinada, só suspiros. A cortina abriu diante de ti, toda platéia. Meu corpo sem comando se exibiu diante dos teus olhos atônitos. Ao final, tuas mãos não aplaudiram nem interromperam meu salto mortal.

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