segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

nojo

As rosas, de outrora, pendem, viço extraviado. Ao redor do cristal, pétalas sem ânimo. Estou no centro da sala. Parece alívio. É cansaço. Visto as cores da estação. Não é coerção que me leva ao silêncio. Palavras serão apenas ruídos, distração. Nossa música continua tocando. Já tão repetida que em certos instantes, não ouço mais. Chegaste junto com os cânticos da primavera. Eu festejava e brindava à vida e confessava aos céus a minha espera. Sonhei a ti, antes que soubesse que virias. Meus votos e minha clausura, minha entrega e devoção. Homem algum habitaria meu corpo, até que ele reencontrasse seu começo e pó. No dia de tua chegada, eu pequei. Fiz da minha morada teu altar. Meu rei e deus tão desejado. Senhor dos meus sonhos, meu amado. A sala não se movimenta. Cortinas cerradas. Móveis cobertos. Só ouço o mar, na cantiga monótona. Quero ouvir outras palavras. Preciso resistir. Se eu fechar as portas, terei dito sim à tua ausência. E a morte, em mim, residiria.

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