terça-feira, 25 de dezembro de 2007

torre

No cerne, ponto final, caroço. Nosso amor em dose concentrada. Sólido, fechado sobre si mesmo, simétrico ao que lhe cobre de substância externa: a polpa, a nutrição, o álibi. Ao redor do núcleo amoroso, as relações familiares, as datas e os despropósitos. O invólucro, pele refinada e vulnerável, atende aos chamados urgentes dos sentidos. Exposto a sol e chuva vários, o corpo inteiro do amor, vaga. E resta inscrustado na pilha de fatos, fotografias e impressões. Viaja, vez ou outra, para testar os efeitos da distância. Quando está farto, jejua, teatral e lânguido. Cumula feições nobilitadas. Dramatiza gestos pontuais e trágicos. Cria um dicionário ambíguo. Nos inscreve em sua língua estrangeira. Exibe os edifícios mais altos e injeta em nós paixão aguda, que transborda. O amor em nós, são os diabos e seus pactos.

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