quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

ciranda

As mulheres andavam ligeiras. Falavam baixo para não acordá-lo. Eu seguia todos os acontecimentos, assombrada. Preparavam o banho daquele homem. Outras providenciavam o alimento. Acompanhei minha vó, a tecelã. Carreguei para ela alguns tecidos, lã quentinha e macia. Fizemos um leito lindo, propriamente um ninho. Ele estava ferido e olhava, desesperado, como quem procura salvação. Segui todos os movimentos das mulheres, até que ele estivesse limpo, aquecido e abrigado. Pude participar da cerimônia. Um círculo, orações murmuradas e a proteção inefável dos cânticos de minha tribo. A mulher sábia chegou. Falaram em uma linguagem estrangeira. Ele agora estava de pé e era um mundo inteiro de beleza. Meus olhos não tinham domínio. Meu primeiro choro desmedido, uma chuva lá dentro do meu peito. E o coração, percussionista desastrado. Fechei os olhos. Pude sentir a mão quente sobre minha testa. Meu marido voltara de seus mistérios. Elas seguiam o ritual: sorrisos, ruídos, canções e festa.

1 comentário:

Guidha Cappelo disse...

Nossa amiga, não sabia que vc era escritora e pelo visto das boas!!! E eu que procurei alguém pra escrever minha história...
Mas consegui, fui convidada por um grupo de alunas do Sartre Coc pra fazer um depoimento sobre a guerra de Angola e acabei conhecendo a professoara de redação delas que aceitou escrever. Vamos direcionar a história para adolecentes e depois então contar a historia de amor... hihihihi.
Parabéns e beijos
Ah!
Prestigie o meu blog tb, né mulher!!!???
http://www.muitoalemdemim.blogspot.com/
Beijos e se não nos falarmos mais aqui fica Meu maior desejo de que 2008 traga pra nós PAZ! Paz de espirito, paz financeiro, paz na saúde, paz, paz paz!
Beijos minh amiga!