quarta-feira, 28 de novembro de 2007

sede

não é costume escrever postais. surpreendi-me ao esgotar tão depressa tão grande remessa de envelopes. ainda pensei em fazer como se vê nos filmes de época. dobrar a carta e lacrá-la, elegendo-a à condição de envelope. se funciona com o meu coração, ao abrigar o nosso amor, talvez essa técnica, consolidada pelo tempo, encontrasse no anel que me ofereceste selo à altura da ocasião. é cansado e feliz que olho pela janela do avião. nota que me atrevo a dizer feliz em frase sem o teu nome ou um eco de ti. o caminho amadureceu-me os desassossegos. e soube encontrar frutos nas árvores que não plantei. é um homem de olhar menos ansioso e mãos mais calejadas que se aproxima do teu abraço. sei que deixaremos os conta-me como foi e os sabes que na tua ausência para depois. sou como o marinheiro da anedota. perguntaram-lhe qual a primeira coisa que ele fazia ao chegar a casa, depois de longos meses no mar. e ele respondeu que fazia amor com a mulher, apaixonadamente. e a seguir?, quiseram saber. a seguir pouso as malas.

2 comentários:

mari celma disse...

Bertolucci no filme Assédio nos deixa com um final assim: será que ela abrirá a porta? E sobem os créditos. Ao terminar de ler "Sede" fiquei com a mesma inquietante reflexão. E vim aqui lhe dizer que esse post está divino! Eu gosto tanto do que leio aqui nesse carteiro!!! Vcs cantam como sabiá de terreiro! VCs vieram a esse mundo com um encontro marcado com a palavra! Ojuobá envia!

anarresti disse...

obrigado pelas amáveis palavras de incentivo. é tão bom saber que as palavras que escrevemos aqui são lidas com prazer.

abraço.