segunda-feira, 26 de novembro de 2007

sandálias

enquanto me calço, penso nas incursões nas montanhas em que não estavas, nos sorrisos de felicidade em que não participaste, nos banhos de mar sem o teu corpo nadando perto. esta viagem faço-a sozinho, que é como o mundo me pede que o encare. como era diferente a vida antes de ti. a palavra só não me inspirava medo. tudo era fácil, dado adquirido, segurança. cultivava mesmo uma aura de solitário, tão artificial como genuína. agora conjugo os verbos na segunda pessoa. quero-te ao meu lado quando o dia valeu a pena. quero dizer-te hoje fui feliz. não me apetece esconder as lágrimas, as ruínas, as derrotas. dentro de ti não sei dizer dor, desilusão, expectatica. e mal me afasto uma légua, o chão treme como em eras apocalítpicas. vou sozinho. e tenho já os envelopes para cada dia. receberás os selos de cada país, flores e incenso, especiarias e areia. levo comigo a concha que uma onda trouxe, a meio de um beijo salgado. e não sei ainda dizer distância.

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