sexta-feira, 16 de novembro de 2007

sobre a primeira manhã

Levantei-me cedo, pus a toalha lisa na mesa. Vestígios de banho de mar, na noite passada, nos detritos e areias do meu vestido com a bainha rasgada. Sinais de ontem. As lembranças, ligadas mas com espaços vagos entre si, enfileirando-se como bando de várias gaivotas. Ao meu alcance, a vista das colinas e das ondas, o sol brilhando forte demais, frente aos meus olhos relutantes. Durante a noite teu cheiro me acordou, me deixou desperta e mesmo agora, depois de minha corrida matinal, não posso esquecer que nadei junto ao teu corpo, nosso banho de mar na noite, assinalando um batismo firmado no limite dos grãos de areia cúmplices, sob estrelas fazendo o percurso do céu disposto. Desejo atirar-me em seus braços, outra vez, e tantas mais. Devo vestir-me, pegar o celular junto à cama, encontrar as chaves do carro e deixar o bilhete para teu despertar. E ainda, antes de sair, é preciso lembrar de abrir as janelas, permitir a entrada de vento, pássaros e sons da rua. Para que a beleza de teu corpo não pareça esquecida nesta cama imensa.

1 comentário:

Giulia disse...

Eliana, quanta bellezza nelle tue parole. Mi hai commossa.
Un abbraccio attraverso l'Atlantico