sexta-feira, 30 de novembro de 2007

clássica

Para te ofertar esta dança, aprendi certos gracejos das libélulas. Jeitinho rápido de virar e formar ângulos no ar. Emprestei das borboletas a técnica de voar, sem nenhum peso. Sei manter o corpo alinhado no céu, feito gaivotas. Para que você me veja engraçada, dançarei como os pingüins. Trarei recordações da sua infância, ao dançar com os lencóis sobre o corpo, simulando fantasmas. Sei do teu amor por mim, sinto o calor que abre meu peito toda manhã. Sei também que és sincero. Não vais deixar de me dizer, se algo estiver assimétrico. Todos os gestos devem ser perfeitos, seguindo uma partitura exata, harmonia sem distúrbio, pura beleza. Descarto a primeira dança. A oferta é outra agora. Segues minha coreografia, em sonhos. Lá, no espaço indistinto dos teus desejos, serei Isadora, de pés descalços, cabelos soltos. Meus pés terão asas e meu corpo será o discípulo obediente da tua imaginação. E minha dança, meu presente, será finalmente nossa obra-prima.

Sem comentários: