sexta-feira, 23 de novembro de 2007

chagas

Abandonemos esta cruz. Esperemos que as ramas se apossem de toda a extensão da madeira velha. Hão de surgir gerânios e graminhas. Vem para os meus braços, e te deixarei soltar o choro. Serás agora meu menino. Com meus panos alvos e macios passearei pela extensão da tua altura, tocando com delicadeza de brisa as tuas feridas. Uma fêmea lambendo os lugares onde virão pousar as cicatrizes, na calma benfazeja, desta dor que te consome. Teu corpo dorido é meu mapa de trabalho, nos breves silêncios e respirações curtas com que me pedes tua salvação. Meu amor transformado em tecido santo, ungüento e milagre.

1 comentário:

mari celma disse...

Nossa...ler Chagas emudeceu meus elogios...por que pareceu salvação de náufrago ou descoberta de que a ilha não estava deserta...