terça-feira, 20 de novembro de 2007

trincheira

Assim como ao cão sem dono dei abrigo, colhi a flor morrendo, para honrá-la em nossa casa. Tua viagem me machucando. Presságios de lua encolhida. Tudo na terra me dizendo coisas, sussurros espalhando medo. A flor estava lá, já derrubada pelas mãos afoitas. Aguardava a barganha, o invólucro e a etiqueta. Pensei que só poderias morrer nos meus braços. Bradei contra a guerra, ladra infame. Trouxe a flor comigo, trazendo a ti, no meu coração em chamas. Precária, sem rumo, brevíssima vida à sua disposição. Este segredo me faz louca. Quanto tempo ainda, para não encontrar ao meu redor a tua voz, os teus encantos, quanto tempo. Vou ao quarto e repasso por vezes inumeráveis o número de paredes, cismando. Que sonho este do qual desperto. Oratório que é pousada de efêmeros e para sempre. A chama que sobrevoa o quarto todo, o incenso e a súplica. A flor suspira, ainda. Sua medida é de passagem. E tu, amor dos meus silêncios, és minha bússola, meu prado. A flor que foi meu cão. A travessia.

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