sexta-feira, 23 de novembro de 2007

minérios

De frente para o mar, este é o mirante escolhido para seguir, à espera. Cada dia é uma carta, ou tantas a mais que não recebo. Não tenho notícias e tudo gira em torno dessa fogueira inerte. Mesmo sabendo do mar, que é inconstante e sempre outro, recebo dele algumas fixações. Marés que vazam, lua que mingua, ventos aos redores. Tuas cartas que não chegam, eu as imagino em pilhas, que o tempo transforma em relevos e lhes dá substância. Não sei a medida e calculo a partir do frêmito, das águas más dentro do meu corpo. Todas as cartas que não me envias, se multiplicam. E a espera forma esta frase sedimentada, camadas infinitas de silêncio.

1 comentário:

romanbruni disse...

"Todas as cartas que não me envias, se multiplicam..."

que frase extraordinária !!!