quinta-feira, 15 de novembro de 2007

sessão de comunicações

Quero encerrar agora esse inventário. Quase dezesseis horas após ter saído da cama, com medo da chuva e de meus humores, é que encontro seu bilhete. Meu nome escrito com uma tinta preta, grafado por sua letra bem marcada, graúda, espaçosa. Você usou uma das folhas do bloco que ganhamos no congresso. Antes de passar os cremes, observo se há alguma ruga nova. Fecho os olhos e revejo a tarde infantil, quando apenas assinamos a lista de presença e fugimos daquelas comunicações enfadonhas, que tratavam de questões lusófonas e transculturais. Nós éramos, nessa tarde, a expressão exata da lusofonia. Eu, você, nossos países, nossas diferenças. Nossa língua, irmã, foi o mensageiro que nos tornou íntimos, e cúmplices. Não leio. Decido dormir e sonhar com as palavras que aguardo. Amanhã, antes de me aproximar da janela, somente amanhã.

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