domingo, 18 de novembro de 2007

decibéis

Se não voltas para casa, vou encomendar a implosão. Dos ladrilhos ao teto, haverá a assepsia de tudo. Cortei os cabelos e fechei os botões dos vestidos. Todos os móveis descobertos, janelas escancaradas. Tudo virá abaixo. A inutilidade da decoração. O acréscimo oleoso das fotografias. Teu lugar na cama. Meus vícios na geladeira. O olhar fixo agora se descuida. Enquadramentos sem memória, feitos para eu me esquecer. Lições de terror. Se não voltas para casa, deixarei uma mensagem que irá aos ares. Pedaços do filme antigo. Na grande cena, no escuro habitado, os objetos flutuam em câmara lenta. Vai cair a casa. Explosão. O mérito é todo nosso. Provisões, assentos, portas, ferrugem, poeira e o cão. Nos olhos do cão, me torno criminosa. Recuo. Mulher, bomba e sustos.

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