quinta-feira, 22 de novembro de 2007

fantasia

Sem nenhuma pressa, o mar ensina este bordado. Suspendo pelas duas mãos o tecido, faço um gesto dançarino. Braços à larga, coreografia flamenga e o chão está coberto. Tudo agora é trabalho de lisuras. Abro a cesta. Meus olhos indecisos têm apetite, desejam glórias. Rendas, brocados, fitas, pedacinhos de céu, coleção de antiguidades, lembranças do mundo. A superfície azul me espera. Fecho os olhos para me tornar, neste instante, respiração exata e paciente. Para meu amado, a festa das lantejoulas. Aqui será feito um universo de brinquedos, casa perene de alegrias para tua pele. Não usarei a história, nem as bússolas. Este pano é âncora de horizontes. Uma constelação, teu abrigo e mapa. Tenho as mãos seguindo o rumo das marés. Cada onda traça os fios em meu bordado. O desenho é quadro, a seda é tela. Para que esta agulha, que é tua distância, finíssima e incrustrada, jóia definitiva, seja toda a partitura. Para o meu amado, meus cabelos nestas águas.

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