terça-feira, 20 de novembro de 2007

a cor

é sinestesia olhar para ti. começo por te tocar com o horizonte que me invades na retina. um dedo ombro acima e colcheias subindo desde o ventre. aroma de nascente. vento comestível. quando os teus lábios improvisam o mapa, já nos caíu a bússola. juntou os seus cacos aos da clepsidra que estilhaçámos ao tropeçar no cristal do quotidiano. o dia perdeu a soberba que o tempo lhe cosia ao dorso. é sol o sol que brilha lá fora. serão raios os dedos de calor em redor da volúpia. eu como alimentando. sou a tua boca. e fazes das tuas ancas uma enseada. todas as âncoras repousam na ferrugem da caducidade. uma jangada ascendeu a altar. e os continentes respiram, vulcânicos, a sobriedade de todas as eras. sabes-me a asa. o nosso cheiro é o cio das marés. e repousamos na corrente em que remam os membros. nasceu-te um estuário. desembarcamos, enfim, enviados pela espuma.

Sem comentários: