sábado, 24 de novembro de 2007

ritual

comprei envelopes. de tamanhos e cores diferentes. lápis, grafite, carvão. uma caneta de aparo. e tinta. em casa tenho papel e desejo. abro as tuas cartas com um desses objectos que servem para abrir envelopes, de que não sei o nome. um movimento preciso, acompanhado de um silvo, ao rasgar-se sem erro o topo do envelope. não quero abrir as tuas cartas rasgando tudo desordenadamente, como um amante apressado e desajeitado. saboreio todos os gestos. e ao escrever-te, uma pequena liturgia dá sentido ao que faço. ajoelho-me debruçado sobre a cama. ponho a nossa música. respiro fundo. e é com o teu olhar pousado sobre o lençol que me dirijo a ti.

Sem comentários: