segunda-feira, 19 de novembro de 2007

à noite chega o assombro

antes de dormir queixa-se o corpo. altamente inflamável, arde como um imenso pedaço de lenha. berra, irremediavelmente mudo, langor e desejo. olha o lençol, triste e liso, sem marcas ou cheiro do teu corpo. não apetece o banho. fique salgada a pele, celebrando o banho que tomámos juntos. dispo do corpo a roupa e a sofreguidão, preparando-me para não dormir. é a vígilia uma inevitável canção de saudade. ainda que imagine tua a minha mão, que feche os olhos e percorra imagens como flores explodindo, que sussure o teu nome à lua, fico, sozinho, atolado na tua ausência. desato a escrever, como exigindo à sanidade horas extradordinárias. risco folhas com o aparo e o dorso da noite com o espinho da volúpia. desenho e rasgo, mordo os lábios e suspiro, olho o mar pela janela e inspiro fundo. amanhã um telefonema. um abraço. e o mar encarpado dentro de nós.

2 comentários:

mari celma disse...

Vocês dois são terríveis! Que casa mais arejada e com cheiro de jasmim é essa?
Serei obrigada a passar aqui todo dia agora! Não vai ter outro jeito! Olha, está leve, está bem cuidada essa escrita a quatro mãos...

Eliana Mara Chiossi disse...

Querida amiga:

te recebemos com as mãos limpas e o coração todo aberto.
Esteja sempre por aqui.
Bem vinda à nossa casa em alto-mar.

Abraço,

Eliana