quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

pegadas

Decalcados, em formato raro, os pés seguiam os teus passos. Antes disso, foi o instante em que abandonei meus brinquedos de areia e desejei surpreender-te. Antecipando o momento, falava a ti, com empolgação. Saltitava próxima da franja irregular, ponto final da assembléia de ondas divergentes. Sentia prazer em ver a barra de minha saia, branca, claríssima e finamente bordada, sendo tingida pela mistura feita de água e partículas ensolaradas. A flecha já existia em planos. O destino, exímio atirador, disposto a desandar aquela manhã iluminada. Tudo ficou parado, e eu quase ouvia a orquestração desastrada de meu corpo. Veneno quente, fio travesso, linha ácida cosendo a dor em cada veia. Outros pés, outros amores. Se tua força concedia felicidade, na minha ausência, seria preciso encontrar o mensageiro, que trouxe dentro de envelopes preciosos, a quimera e seus truques. O decalque dos meus joelhos, levado pela onda. O sal do choro era todo o oceano.

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